“Carregamos muita toxina na memória, sentimentos que guardamos e deixamos estagnar e apodrecer. Estamos tão acostumados a transportar esse saco de lixo por aí que passamos a acreditar que ele é parte e parcela de nosso caráter.” B.K.S. Iyengar.
Se você se identificou com essa frase, deve ter pensado: “Sim, acho que carrego esse saco de lixo, mas se eu soubesse como me livrar dele já teria feito, o que posso fazer?”
Primeiro, é fundamental que se tenha em mente que o primeiro passo para mudanças, sobretudo em relação a nossa mente é santosha, um dos niyamas presentes no Yoga Sutra de Patañjali.
Santosha significa contentamento, parece paradoxal? Certamente, mas a explicação é simples: essa atitude nos coloca em contato com as coisas como são e nos torna mais objetivos. E muitos dos conflitos mentais que temos nascem da nossa falta de objetividade que promove um choque entre as coisas como são versus como gostaríamos que fossem.
Além disso, reflita comigo, até mesmo para saber como chegar a algum lugar usando o google maps temos que primeiro saber onde estamos para que o aplicativo nos indique os caminhos possíveis, não é? A ideia aqui é parecida, ter clareza sobre as condições atuais para gerenciá-las melhor tendo em vista a condição desejada.
Uma coisa que ajuda a desenvolver essa atitude de contentamento é entender que existe um porquê de termos esses sentimentos e de carregarmos eles, em alguns casos, cumprem uma função importante no nosso amadurecimento. Vendo dessa forma, acredito que fique mais fácil aceitar e acomodar essa bagagem incômoda e garanto que com essa atitude, mesmo que você continue a carregar esse “saco de lixo”, certamente ele ficará mais leve.
No sentido prático, existe algo chamado expiração “com eco” que nos permite atuar sobre essas “toxinas psicológicas”. Nas palavras do professor Iyengar, “a expiração é um ato sagrado de entrega, de renúncia. Ao mesmo tempo, abandonamos todas as impurezas armazenadas que se grudam ao Eu – ressentimentos, raivas, arrependimentos, desejos, invejas, frustrações sentimentos de superioridade e inadequação e, também, a negatividade que faz os obstáculos aderirem a consciência.”
Se você não possui nenhuma restrição de saúde como hipertensão ou cardiopatia, convido-o a experimentar a expiração “com eco”:
Melhore a posição do seu corpo, deixando a coluna ereta para facilitar o fluxo respiratório. Então, expire lentamente, visando soltar todo ar. Pare. Expire de novo. Há sempre algum resíduo que permanece nos pulmões, libere esse ar residual. Segundo Iyengar, “nesse resíduo está a borra da memória tóxica e do ego.” Nessa curta expiração posterior, permaneça de pulmões vazios por no máximo 3 segundos e sinta um estado de paz e vazio.
Após essa expiração “com eco” com breve retenção sem ar nos pulmões, inspire lenta e profundamente, mas sem forçar. Nessa inspiração que segue, Iyengar diz que “experimentamos a individualidade plena, o potencial humano realizado a erguer-se como uma taça cheia de oferenda à divindade cósmica.”
Mais uma vez. Expire lentamente, soltando todo o ar. Pare. Expire de novo. Breve retenção e sem pressa volte a encher os pulmões aproveitando toda sua capacidade mas sem exagerar.
Inspirou, expirou, expirou = 1 ciclo
Se você não tem experiência com esse tipo de prática, faça no máximo 5 ciclos seguidos nas primeiras vezes e aumente progressivamente conforme for praticando até 10 ciclos.
Namaste
Gilberto Schulz
Gostaria de manter o contato para não perder as futuras publicações e informações sobre cursos e eventos? Cadastre-se gratuitamente clicando na imagem abaixo:
Republicou isso em HechosdeHistoriase comentado:
Yogaemcasa 🙏 NAMASTÊ