A ciência moderna e o simbolismo de Shiva Nataraja

Shiva é uma das divindades mais conhecidas da cultura indiana. Também é conhecido por outros nomes e formas como Mahadeva, Rudra, Shambho, Nataraja, entre outros que destacam diferentes aspectos simbólicos dessa face do Todo.

Nataraja significa o rei da dança ou o senhor da dança cósmica e nomeia uma desafiadora e conhecida postura de equilíbrio do yoga chamada de natarajasana.

Leia depois Fundamentos do Yoga: Os 7 pilares do equilíbrio físico

Enquanto Nataraja, Shiva simboliza basicamente aquele por detrás da dança cósmica de criação, preservação e destruição que se manifesta tanto no micro como no macrocosmo.

Curiosamente encontramos uma bela estátua de Shiva Nataraja no CERN, Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, um dos maiores centros de pesquisa científica do mundo localizado em Genebra.

O Simbolismo Tradicional de Shiva Nataraja

O simbolismo de Shiva Nataraja envolve uma mescla original e profunda entre religiosidade, arte, fiolosofia e ciência num esforço para explicar algo grandioso.

Sua dança, chamada em sânscrito de Tandava, retrata um ciclo contínuo e eterno de criação, preservação e destruição tanto do Universo como de seus elementos.

Nessa imagem vemos o senhor dessa dança envolto em um círculo de fogo que simboliza a natureza transitória dessa manifestação. Ele carrega em uma das mãos o tambor que emite os sons primordiais e dita o ritmo da criação. Em outra, uma chama que representa sua força de dissolução.

Com as outras duas mãos faz abhaya mudra, gesto que avisa para que não tenhamos medo dele e aponta para seus pés para que façamos reverência. Abaixo de seu pé um anão que representa nosso ego, que assume seu lugar diante da compreensão dessa ordem cósmica.

Olhar científico sobre esse simbolismo

Voltando à Genebra, em uma placa ao lado da estátua no CERN encontramos uma interessante citação de Fritjof Capra que diz:

“Há centenas de anos, artistas indianos criaram imagens de Shiva dançando em uma linda série de bronze. Em nosso tempo, os físicos usaram a tecnologia mais avançada para retratar os padrões da dança cósmica. A metáfora da dança cósmica unifica assim a mitologia antiga, a arte religiosa e a física moderna.”

Além disso, em O Tao da Física, publicado pela primeira vez em 1975 e impresso em mais de 40 edições em todo o mundo, o mesmo físico aprofunda seu olhar científico sobre esse símbolo.

“A dança de Shiva simboliza a base de toda a existência e nos lembra que as múltiplas formas do mundo não são fundamentais, mas ilusórias e em constante mudança. A física moderna tem mostrado que o ritmo de criação e destruição não é apenas algo manifesto na virada das estações e no nascimento e morte de todas as criaturas vivas, mas é, também, a própria essência da matéria inorgânica.

De acordo com a teoria quântica de campos, a dança da criação e destruição é a base da própria existência da matéria. A física moderna revelou, assim, que cada partícula subatômica não apenas realiza uma dança energética, mas também é, em si, uma dança energética; um processo pulsante de criação e destruição. Para os físicos modernos a dança de Shiva seria então a dança da matéria subatômica, a base de toda a existência e de todos os fenômenos naturais”.

Shiva Nataraja e os praticantes de Yoga

Todo esse olhar simbólico, filosófico e devocional não deve ser confundido com uma mera crença, pois se trata de uma linguagem capaz de transmitir um conhecimento universal, bastante consistente e complexo legado por uma cultura com suas particularidades.

Da mesma tradição vem a prática de yoga cuja relação vem à tona desde o mantra Om cantado no início de uma aula ao no nome de uma conhecida postura já mencionada, natarajasana. É natural surgir um interesse em saber mais sobre todo esse enriquecedor e interessante contexto.

De qualquer forma, apesar de ter um papel importante para uma compreensão mais ampla, os praticantes de yoga são livres para incluir ou não esse estudo na construção da sua rotina de práticas enquanto um modo de vida voltado ao autoconhecimento. Digo isso considerando os próprios sábios dessa tradição que transmitiram a seguinte máxima:

“Ó homem que procura a verdade e a sabedoria, abre os braços e deixa que o conhecimento chegue a ti de todas as partes. A verdade é una e os sábios irão ensiná-la de diferentes maneiras” Rgveda.

Boas práticas e reflexões!
Por Gilberto Schulz

Gilberto Schulz tem formação técnica em yoga pela ABPY e participação em cursos no Brasil e na Índia com professores de referência da tradição do yoga.
Atua há mais de 10 anos ensinando yoga e meditação

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5 Respostas para “A ciência moderna e o simbolismo de Shiva Nataraja

  1. Pingback: Mahashivaratri, A grande Noite de Shiva | yoga em casa | para conhecer e começar a praticar onde estiver·

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  3. Parabéns Gilberto pela linda iniciativa de transmitir esse conhecimento milenar de uma forma leve suave e muito sútil.
    Adoro suas aulas e suas publicações é de uma consistência e conhecimento fantástica. 👏🏼👏🏼👏🏼 Sou seu Fã Gilberto e da família Yoga em Casa.

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