Quando nos deparamos com algo novo é natural buscar um entendimento a partir de parâmetros préviamente conhecidos. Projetando nossos conceitos e valores, damos um jeito de enquadrar a novidade a ponto de concluirmos: “pronto! já sei o que é isso”. Esse mecanismo instintivo da mente tem certas utilidades e faz parte da evolução humana, através dessa capacidade podemos, por exemplo, nos proteger antecipando situações de perigo.
No entanto, essa forma de ver é sempre limitada e se quisermos aprofundar o nosso entendimento sobre o que é desconhecido devemos, em primeiro lugar, ter consciência desse modo de funcionamento da mente humana e em seguida buscar os parâmetros adequados.
A par disso, começamos a compreender o porquê da grande dificuldade do público em geral e também de alguns estudiosos e praticantes em entender o que é o yoga e o que se pretende com seus ensinamentos, atitudes e práticas.
Analisando a partir do que é conhecido na nossa cultura, as práticas físicas do yoga são vistas como uma espécie de ginástica com fins terapêuticos e os ensinamentos como se fossem dicas de autoajuda para vivermos melhor. Essas duas concepções não seriam falsas se consideradas como subprodutos, não como o objetivo; e como parte do yoga, não o yoga.
Para assumir a perspectiva contextualizada que faz com que esses ensinamentos, atitudes e práticas possam ser chamados de fato Yoga e para que possamos ter clareza quanto ao seu propósito, primeiro temos que ser capazes de demolir as paredes que talvez já tenham empacotado o yoga dentro de uma caixinha extremamente reduzida e então buscar os parâmetros adequados que se encontram na tradição védica.
Felizmente essa tradição se manteve preservada através da transmissão de mestre para discípulo desde tempos imemoriais no território que hoje chamamos de Índia e por mais que ela tenha dado origem a toda uma cultura bem peculiar, a natureza e a aplicabilidade desse corpo de conhecimento não são limitadas pelo tempo nem pelo espaço.
Se mesmo assim isso ainda lhe parecer algo longínquo, você só vai poder realmente saber se essa distância invalida o valor que a tradição védica pode ter para você, se permitir-se conhecê-la e pra isso é necessário aprender com quem está conectado com esse elo de transmissão do conhecimento dentro do seu contexto original, alguém que tendo recebido a visão completa do yoga possa lhe ensinar.
O professor Jonas Masetti ficou mais de três anos na Índia estudando diretamente dessa fonte que flui ininterruptamente desde sua origem e escreveu um excelente texto que apresenta com propriedade essa tradição que aqui no blog chamei de casa do yoga e com felicidade abro as suas portas para que entrem, só peço que tirem os calçados primeiro.
Vedas | Descobrindo a Tradição Védica
Os Vedas são vistos como as escrituras sagradas associadas à religião hindu, porém a natureza dos seus ensinamentos é totalmente diferente das outras escrituras religiosas popularmente conhecidas. De uma forma resumida podemos dizer que eles são a espinha dorsal de toda cultura hindu, também chamada de tradição védica.
Os Vedas através de seus versos, que são chamados de mantras, estão por detrás de muitas práticas religiosas e espirituais. As palavras em sânscrito, que é a língua originária dos Vedas, aparecem em vários termos no mundo espiritual. É dito, por exemplo, que a própria palavra “Jesus”, é derivada da palavra “Ishu” -”aquele que governa”, que aos poucos foi se transformando. O termo “OM” que está no início de diversos mantras, mesmo budistas ou tibetanos, tem sua origem nos Vedas. O termo karma, que usamos para falar do destino, também vem de lá, porém ele não significa algo exclusivamente negativo. E até mesmo coisas do dia dia como a cerveja Brahma, tem seu nome originário nos Vedas e ironicamente Brahma também é descrito associado ao número “um”.
Para entender o que são os Vedas, vamos analisá-los quanto sua origem, natureza e objetivo.
O conhecimento dos Vedas não pertence a ninguém, ele é dado à humanidade. Assim quanto a sua origem dizemos que o autor é o próprio criador, que afinal de contas é também o autor de todas as leis karmicas e sutis que são o conteúdo dos Vedas.
Quanto a sua natureza ou conteúdo, ao contrário do que muitos pensam, eles não são um veículo propagador de uma religião ou uma crença, seu propósito é ser um meio de conhecimento para assuntos que o ser humano não poderia descobrir sozinho. Eles vão mostrar a relação “causa efeito” entre ações e rituais dos mais diversos com o intuito de prover à humanidade maneiras de obter o que cada um quer. Eles não estabelecem uma doutrina, mandamentos, crenças ou formas de pensar. Por mais que as pessoas adotem valores e um estilo de vida através dessa tradição, isso é feito pelo interesse nos seus resultados, que em geral é uma vida mais saudável e com mais equilíbrio.
Quanto ao seu propósito os Vedas têm uma visão em mente, que é a preparação da pessoa para o autoconhecimento, mesmo que a pessoa esteja diretamente interessada em um objeto material, os Vedas darão os meios para obtê-lo e no processo farão a pessoa amadurecer na sua busca pela felicidade.
Contudo, pelo nosso hábito ocidental de dividir e categorizar é muito comum separar esses campos que compõe o conhecimento dos Vedas, mas quando fazemos isso perdemos a visão que está por detrás de todas essas atividades e que dão propósito para elas.
Leia o artigo na íntegra “o que são os vedas” e entenda melhor a prática de yoga e até onde ela pode levar.
Om
Gilberto Schulz
Sou interessada nos assuntos sobre yoga e sua filosofia….amo yoga…
Legal Ivani! Om
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Sempre tive interesse em yoga mas nunca pratiquei. Agora achei este site e estou amando. Na verdade agora meu interesse nao e apenas yoga e sim de mudança de vida. Talvez esteja na hora.
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Se disser que quero o conhecimento vc me dirá que não estou pronta…
Então, não vou falar de conhecimento nem das práticas de yoga pois, ambas no todo são conhecimentos, procuro autoconhecimento.