Nas palavras do médico psiquiatra e neurologista Luís Mário Duarte que revisou e fez a apresentação da edição mais recente da obra:
Yoga para Nervosos foi escrito em meados da década de 1960. Até aquele tempo, pouco auxílio legítimo a Psiquiatria oferecia aos que padeciam dos males mentais. Muitas teorias sobre a psicodinâmica mental e pouca ajuda ao sofrimento mental. Quase nenhuma pesquisa ou compreensão biológica sobre o comportamento psíquico. Os tratamentos eram pouco eficazes, poucos os recursos. As doenças eram mal compreendidas e os doentes estigmatizados e considerados “culpados” ou responsáveis por seus males.
Neste cenário de sofrimento, uma luz surge. O autor percebe que o Yoga possuía uma compreensão profunda sobre a mente humana, uma psicologia perfeita e testada com sucesso ao longo de setenta séculos, isso mesmo, sete mil anos de validação dentro dos cânones severos de testagem e comprovação das teorias mais modernas.
Um lance genial essa percepção, pois salvou muitas vidas dos horrores das depressões em seus múltiplos aspectos, das inquietações infinitas, dos vários tipos de ansiedade, dos transtornos da personalidade, dos temperamentos explosivos, dos impulsos incontroláveis nas áreas do sexo e da alimentação, das renitentes doenças somatoformes hoje conhecidas como somatização. Muitos psiquiatras que conhecem a obra a tem prescrito em seus receituários.
Poderemos todos nos perguntar como o Yoga pode oferecer tamanho recurso terapêutico? As pesquisas atuais em Neurociência como a Neurobiologia Molecular, a Neurofarmacologia, a Neuroimagem, as Bases Genéticas do Comportamento, a Psicologia Evolucionista e a Psiconeuroendocrinologia indicam possibilidades explicativas atraentes.
Nos anos 60 não tínhamos ideia de como o Yoga funcionava ou poderia funcionar. Constatávamos apenas seus resultados consistentes. Nos anos 90 caiu por terra em definitivo a visão dualista e cartesiana em que mente e corpo são entidades separadas e autônomas. As pesquisas de ponta em Neurociência mostram que nosso corpo e mente são um só. Essa verdade é antiga entre os yogues e sobre ela construíram sua prática transformadora. Quando o praticante de yoga assume uma posição corporal ou asana ou pratica pranayamas, bandhas, mudras ou kriyas, todas as estruturas de sua consciência imediatamente respondem. A comunicação entre os neurônios e o jogo dos neurotransmissores são modificados, as redes neurais enfermas recebem informações para que se desfaçam. Novas redes se constroem de forma saudável. O cérebro encontra novos caminhos para pensar, agir e sentir. Poderíamos postular que os neurotransmissores são entidades representativas no tempo e no espaço dos eventos psíquicos e vice-versa, ou seja, não é o pensamento que gera um neurotransmissor nem um neurotransmissor que gera o pensamento, mas um e outro são a mesma coisa em planos de realidades diferentes e acontecem concomitantemente. Mente e corpo são um só. Por isso o Yoga é eficiente e se traduz em resultados terapêuticos para os enfermos e em manutenção da saúde para os hígidos. O yoga utiliza o corpomente como instrumento de autoconhecimento. Com o Yoga nos desvelamos, descondicionamo-nos, descobrimos que somos e sempre fomos e sempre seremos Verdade, Consciência e Felicidade, isto é, Sat Cit, Ananda. Se o Yoga é uma ferramenta para esse trabalho, a saúde e o bem-estar físico e mental serão uma consequência natural de sua aplicação.
A Psiquiatria avançou, e os modelos biológicos de explicação do funcionamento da mente e do comportamento das doenças atestam a validade do Yoga. Confirmam a tese do Professor Hermógenes e a robustez e atualidade de seu texto no soberbo Yoga para Nervosos e nos autoriza a recomendar sua leitura e sobretudo sua prática com o fim de vivermos uma vida mais tranquila e feliz, que no caleidoscópio de nossa civilização hedonista e consumista atual parece uma tarefa cada vez mais distante e impossível.
Aproveitem a companhia do Professor Hermógenes, sua alma e seu amor estão neste texto. Ele o escreveu para que vocês sejam felizes e livres.
Paz e Luz!
Rio de Janeiro, 27 de janeiro de 2003
Luís Mário Duarte
Médico Psiquiatra e Neurologista
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Gostaria de comprar o livro como faço para obter.
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Livro maravilhoso, as citações presentes e até mesmo orações são de uma sabedoria imensa.