Reconhecer o Sol como um aspecto de Deus e prestar reverência a ele remonta a pré-história. Apesar da antiguidade dessa atitude, se pensarmos objetivamente, concluímos que ela é atemporal e faz muito sentido visto que sem o astro-rei não estaríamos aqui. O Sol é um símbolo de toda essa estrutura cósmica onde estamos inseridos e da qual fazemos parte.

Para expressar o reconhecimento desse visão objetiva, o yoga dispõe de uma sequência dinâmica de posições guiada pelo fluxo respiratório seguindo uma certa lógica natural: quando a posição para qual nos encaminhamos promove a expansão da caixa torácica, inspiramos e expiramos enquanto nos dirigimos a uma posição que reduza esse espaço interno.

O Súrya Namaskar produz um aquietamento dos pensamentos por conta da sincronização entre movimento e respiração e é um poderoso gerador de energia. Ele também estimula o bom funcionamento das glândulas endócrinas, principalmente as adrenais e o timo;  favorece a circulação sanguínea; e dá força e flexibilidade ao corpo.

Tradicionalmente existem três formas de realização da saudação ao sol, a transmitida por Sivananda e os Súryas Namaskar A e B, por Pattabhi Jois. Ambas consistem basicamente numa alternância entre flexão e extensão da coluna vertebral por meio do adho mukha shvanásana e urdhva mukha shvanásana, respectivamente. No geral, a diferença entre elas se encontra na transição entre as posturas, sendo que no Surya Namaskar B, além disso, temos a presença de mais dois ásanas, o utkatásana e o vírabhadrásana I.

Essa sequência é vista por uns como uma forma de preparação para uma prática mais elaborada de ásanas e por outros, como um exercício completo. Em verdade, as duas perspectivas são válidas.

Ainda podemos considerar essa prática como uma forma de oração onde reconhecemos no Sol uma Ordem Cósmica da qual dependemos e fazemos parte, para tal concepção é útil conhecer e usar antes de cada execução ou mentalmente em cada movimento os mantras que fazem reverência a diferentes aspectos do Sol.

Om mitrāya namaḥ – saudação ao amigo de todos.
Om ravāye namaḥ – saudação àquele que brilha.
Om sūryāya namaḥ – saudação àquele que gera atividade.
Om bhānave namaḥ – saudação àquele que ilumina.
Om khagāya namaḥ – saudação àquele que se move rapidamente no céu.
Om puṣṇe namaḥ – saudação àquele que dá força e alimenta.
Om hiranyagarbhāya namaḥ – saudação à fonte dourada.
Om mārichāye namaḥ – saudação ao senhor do entardecer.
Om ādityāya namaḥ – saudação ao filho de Āditi, a mãe cósmica.
Om sāvitre namaḥ – saudação ao poder efulgente do sol.
Om ārkāya namaḥ – saudação àquele que é digno de ser reverenciado.
Om bhāskarāya namaḥ – saudação à causa da luz.

No entanto, se ainda não aprendeu a pronúncia do sânscrito, não recomendo que cante. Nesse caso, se valha da tradução para evocar uma atitude de apreciação e reverência. Em relação à pratica, só faça sob a orientação de um professor competente, que conheça as noções biomecânicas de alinhamento em cada postura e em suas transições.

Om
Gilberto Schulz

“os asanas são mais do que os olhos podem ver, entenda lendo o artigo O lado invisível dos asanas do yoga.“