A história do Guerreiro do Yoga, Virabhadra

Existe no repertório de práticas do yoga um conjunto de posturas chamadas de Virabhadrasana que são comumente chamadas genericamente de postura do guerreiro.

Essas posturas podem ser compreendidas como uma sequência de momentos e por isso são definidas pelos números I, II e III. Com o decorrer da leitura isso ficará mais claro.

Sobre as posturas

No Virabhadrasana I os pés bem afastados e os pés devidamente posicionados, os quadris giram para o lado de execução da postura e os braços ficam estendidos para cima com as mãos em prece.

O Virabhadrasana II tem a mesma base só que se conserva a abertura pélvica e os braços se estendem lateralmente e é a cabeça que gira para o lado de execução.

No Virabhadrasana III ou Guerreiro III a base muda, sobre uma perna o corpo fica paralelo ao chão com os braços estendidos à frente a outra perna para trás.

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A história do Guerreiro do Yoga

Apesar de remeterem a um arquétipo universal de força, coragem e determinação que existe dentro de cada um de nós que pode ser acessado para lidar com os desafios da vida.

Essas posturas fazem alusão ao guerreiro mitológico Virabhadra, criado a partir dos fios de cabelo de Shiva para vingar a morte de sua amada esposa, Sati.

Vira significa herói e bhadra, auspicioso. Era um ser enorme e muito poderoso, com mil braços, três olhos e uma guirlanda de crânios.

É dito que Sati se jogou nas chamas de uma fogueira ritualística numa cerimônia realizada por seu pai em resposta por ele não aceitar seu casamento com Shiva e não os ter convidado a esse importante festival devocional.

Ao tomar conhecimento da morte de sua esposa, Shiva enfurecido arranca uma mecha de cabelo e joga no chão e é dessa energia de fúria que surge o guerreiro Virabhadra.

Uma rajada de poeira e um estrondo ecoam pelos quatro cantos quando Virabhadra se ergue – virabhadrasana I – seu corpo alcançando os céus, seu cabelo flamejante e armas em suas muitas mãos.

Com um rugido alto, ele saca sua espada se preparando para o ataque e mirando atentamente seu alvo – virabhadrasana II

Num golpe certeiro, decapita, Daksha, o pai de Sita – virabhadrasana III

Shiva, ao ver as conseqüências da sua avassaladora fúria, é envolvido por um sentimento de compaixão e decide usar seu poder para reparar a destruição.

Feliz por estar vivo, Daksha olha agora para Shiva com respeito e reverência. Shiva se retira para sua montanha, Kailasa, onde mergulha em meditação ao encontro de Sati.

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Licões simbólicas

Na superfície, esta história pode parecer distante e até contraditória ao contexto do yoga. No entanto, estamos lidando com símbolos, representações de aspectos inerentes ao ser humano.

O guerreiro feroz que nos assusta é o mesmo guerreiro que pode nos salvar. O Yoga nos faz encarar nossas sombras, emoções que preferimos esconder como a raiva, medo e insegurança.

Os mitos tornam nosso lado sombrio mais acessível e através desse processo extraímos força, coragem, determinação e a luz que revela que a base de todas as emoções é o amor.

A prática dessa sequência de posturas carregada desse entendimento nos auxilia a encontrar em nós a força necessária para destruir simbolicamente nossos inimigos, internos e externos.

A ideia central desse ensinamento é extremamente pertinente àqueles que seguem o caminho do autoconhecimento pautado pelo valor da paz e da não-violência, pois é muito comum confundirmos paz com passividade.

Essas posturas do guerreiro se apresentam para nos sacudir desse estado de estagnação e desânimo despertando nossa força interior para que tenhamos a coragem e a iniciativa necessárias tanto para avançar no caminho do autoconhecimento como para agir diante de qualquer tipo de violência que nos seja imposta, física ou psicológica.

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Abraço e harih om!
Por Gilberto Schulz

Gilberto Schulz tem formação técnica em yoga pela ABPY e participação em cursos no Brasil e na Índia com professores de referência da tradição do yoga.
Atua há mais de 10 anos ensinando yoga e meditação

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